Segundo parentes, Luiz Guilherme não tinha comorbidades

ACERVO PESSOAL

Familiares e vizinhos do menino de 11 anos que morreu por suspeita de Covid-19, em Juiz de Fora, a 290 km de Belo Horizonte, acusam a equipe médica que o atendeu de negligência. Com diagnóstico positivo para a doença, Luiz Guilherme de Oliveira Neves foi encontrado sem vida.

Estefânia Vidal mora próximo dos parentes da criança, convivia com frequência com Luiz e o considerava como um sobrinho. Segundo ela, o menino começou a sentir falta de ar na última terça-feira (8) e foi levado pela avó até o posto de saúde no bairro Santa Cecília.

Na unidade de saúde, ele foi submetido ao exame rápido antígeno e testou positivo para a Covid. O profissional de saúde responsável pelo atendimento receitou medicamentos para sintomas gripais e o liberou. De acordo com Estefânia, o nível de cansaço do menino era tão alto que ele precisou ser carregado até em casa.

“Com certeza foi negligência médica. Como eles liberam uma criança com uma senhora de quase 80 anos?! Deviam ter chamado outro responsável, acionado o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, afirma.

Ao chegar em casa, Luiz ficou de repouso e foi encontrado morto pela avó no dia seguinte. O atestado de óbito consta “infecção por coronavírus” como causa da morte.

“Ele não tinha comorbidade. Era extremamente ativo. Brincava na rua, quase não gripava”, explica. Estefânia ainda relatou que as duas avós do menino foram diagnosticadas com Covid e estão em isolamento social.

LEIA TAMBÉM

Vacinado contra a Covid

Luiz já tinha tomado a primeira dose contra a Covid-19 no dia 21 de janeiro. Segundo a professora titular de pediatria da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), o caso não é considerado atípico, pois a efetividade do imunizante precisa ser completa com as doses de reforço.

“Uma dose da vacina protege pouco. Com a segunda dose, a efetividade da vacina é maior. Neste momento da pandemia é importante continuar utilizando a máscara e seguindo todos os protocolos para ampliar a proteção”, alerta a médica.

De acordo com informações do Sivep-Gripe, plataforma do Ministério da Saúde que reúne dados sobre os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por Covid-19 no país, o Brasil soma 1.449 mortes de crianças de até 11 anos em decorrência do novo coronavírus e mais de 2.400 casos da SIM-P (Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica) associada à doença desde o início da pandemia. 

“Não se sabe o motivo, mas o número de mortes em decorrência da Covid entre crianças é alto no país. É uma doença que pode ser grave nesse grupo. É importante que elas sejam vacinadas. Caso os pais tenham alguma dúvida, eles devem procurar os postos de saúde para esclarecê-la”, finaliza.